terça-feira, 29 de novembro de 2011

Preguiça Baiana

Atividade:
Vamos ler os dois textos abaixo sobre preguiça baiana e depois do debate em sala vocês vão elaborar um texto reforçando o estereótipo da preguiça baiana, ou rechaçá-lo. Seu texto deverá ser dissertativo, defenda sua ideia, pode inclusive incluir parte dos textos lidos, como citação, para reforçar seu posicionamento.

1º Texto
 DOUTORADO NA PUC - TEMA: 'PREGUIÇA BAIANA'
'Preguiça baiana' é faceta do racismo. A famosa 'malemolência' ou preguiça baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na USP. A pesquisa que resultou nessa tese durou quatro anos. A tese, defendida no início de setembro pela professora de antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de 'festa eterna'. Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. 'Quem se diverte é o turista', diz a antropóloga.

O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas, que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatório contra os negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia. O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.
A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio da elite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos, devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução do serviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão??? ?). Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de 'proteção' dos seus empregos.
Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. 'Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas cidades industrializadas e urbanas. A preguiça, aí, aparece como uma especiaria que a Bahia oferece para o Brasil', diz Elisete. Até Caetano se contradiz quando vende uma imagem e diz: 'A fama não corresponde à realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como em qualquer lugar do mundo'. Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústria do turismo, que incorporou a imagem para vender uma ideia de lazer permanente 'Só que Salvador é uma das principais capitais industriais do país, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades.'
O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior polo industrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que, em cerca de 10 anos será o maior polo industrial na América latina. Para tirar as conclusões acerca da origem do termo 'preguiça baiana', a antropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o comportamento dos trabalhadores em empresas.
O estudo comprovou que o calendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. O feriado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessos de final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24/06), que é feriado em todo o norte e nordeste (e não só na Bahia). Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no Polo Petroquímico da Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendo que o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada). Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de qualidade no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio (e foi a única do Brasil). Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados 'desocupados' (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares de bairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13° lugar. Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido a fatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado ainda não saturado. O investimento industrial e turístico tem atraído muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo de Salvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro (bancos, financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios de advocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceiro setor).
Vamos encaminhar este e-mail ao maior número possível de pessoas, para que, desta forma, possamos acabar com este estereótipo de que o baiano é preguiçoso. Muito pelo contrário, é um povo dinâmico e criativo. A diferença consiste na alegria de viver, e por isso, sempre encontram animação para sair, depois do expediente ou da aula, para se divertirem com os amigos...

2º Texto
Um minuto para cultura e a verdadeira força da Bahia.  PREGUIÇA BAIANA segundo Nizan Ganaes.
Não gosto quando se referem à Baianidade com o estereótipo da preguiça. Da falta de sofisticação. Pierre Verger fotografou a Bahia, e os corpos que ele retratou são peitos, troncos e bundas enrijecidas pela história e pela vida dura.
São homens açoitados pela escravidão. A Bahia é graça, prazer, leveza, mas ela é também luta. O Brasil ficou independente com um grito em 1822. A Bahia teve que lutar, morrer e vencer para expulsar de vez os portugueses em 2 de julho de 1823.
Castro Alves, o maior poeta brasileiro, morreu aos 24 anos, deixando uma obra  imensa. Ou seja, trabalhou muito para deixar tanto em um tempo tão curto de sua existência. Todos os anos o povo da Bahia anda 12 quilômetros com potes de água na cabeça para lavar as escadarias de nosso pai, Oxalá.
No Carnaval baiano, enquanto milhões se divertem, milhares trabalham dia e noite cantando, tocando, vendendo, para que o nosso povo e gente de todo o mundo possam se divertir. Além disso, quem construiu todas aquelas igrejas, aqueles fortes, monumentos? Nós. Quem colocou cada pedra no Pelourinho? Nós. Quem foi açoitado no tronco que deu ao Pelourinho seu nome? Nós.
Quem escreveu músicas, filmes, encenou, pintou, esculpiu parte significativa da produção artística deste país?  Ano após ano, década após década? Nós, os baianos. Joana Angélica, Maria Quitéria são ruas no Rio de Janeiro, mas na Bahia são sofrimento, luta e heroísmo.
A Bahia é luta, mas ela compreende que a vida não é só isso. E não é. E é por isso que essa tal Baianidade atrai em todas as férias e feriados estressados de todo o mundo. Na costa da Bahia, o melhor conjunto de resorts do Brasil foi construído para que você possa experimentar o melhor da vida, e a gente trabalha enquanto você descansa.
O reitor Edgard Santos, baiano de boa cepa, fez uma das significativas obras de produção acadêmica e cultural, com contundente dedicação.
Lamento que a Bahia seja tão amada, tão exaltada e tão pouco compreendida. Todos aqueles coqueiros e boa parte das frutas e especiarias que a Bahia tem não nasceram ali: vieram de outras índias e foram plantados pelas mãos calejadas do povo da Bahia. Mas o mundo é de percepção. E, lamentavelmente, as novas gerações, por incompetência nossa, herdaram a parte mais vulgar, mais inculta, mais básica e folclórica desta Baianidade.
Cabe a nós, os velhos, passarmos pela tradição oral, que é de fato Baianidade. E lembrar a quem dança na Bahia que, enquanto ele dança, alguém toca.   Que enquanto ele reza, alguém constrói igrejas. Ou seja, na Bahia o trabalho é voltado para o lazer e encantamento do mundo. E toda vez que você chegar estressado e branco e sair moreno e feliz, chegar descrente e sair otimista e apaixonado, nosso trabalho, nosso papel no mundo estará sendo cumprido.
Baianidade é enfrentar a dura vida de uma maneira que ela pareça menos dura e mais vida. E para que exerçamos a plena Baianidade, é preciso que entendamos plenamente do que é que somos orgulhosos.
Sou orgulhoso da Bahia mãe de Menininha, Cleusa, Carmem, Stella, do grande Obarain e de Padre Sadock, Padre Luna e Irmã Dulce. Sou orgulhoso da Bahia de Ruy Barbosa, Glauber, ACM, Luis Eduardo, Jacques Wagner, Waldir Pires - estilos diversos da mesma paixão baiana que nasceu no 2 de julho. Sou orgulhoso de Gil, Caetano, Bethânia, Gal, de Jorge, meu amigo amado. Sou orgulhoso de Caribé, Verger, Lícia Fábio, que não nasceram na Bahia, mas a Bahia nasceu deles. Sou, enfim, orgulhoso dos filhos da Bahia. E por isso sou tão orgulhoso do Brasil.
O Brasil é o maior filho da Bahia. Ele nasceu lá no dia 22 de Abril de 1500 e é por isso que os brasileiros ficam tão felizes quando vão à Bahia. Porque eles estão, na realidade, visitando os parentes, revendo suas raízes.                                
Baianidade é enfim o DNA do Brasil, é o genoma do país
Profª de Cultura Baiana: Leila Cristina.

A Desigualdade Social no Brasil X Bahia

A Desigualdade Social no Brasil

Desde os primórdios do processo de desenvolvimento brasileiro, o crescimento econômico tem gerado condições extremas de desigualdades espaciais e sociais, que se manifestam entre regiões, estados, meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre as raças. Essa disparidade econômica se reflete especialmente sobre a qualidade de vida da população: expectativa de vida, mortalidade infantil e analfabetismo, dentre outros aspectos.

Em anos mais recentes, a desigualdade de renda no Brasil pode ser atribuída a fatores estruturais sócio-econômicos, como a elevada concentração da riqueza mobiliária e imobiliária agravada pelo declínio dos salários reais e à persistência dos altos juros. A crise energética do País, anunciada em no mês de maio passado, juntamente com os riscos de contágio da crise Argentina, afetam negativamente o potencial produtivo brasileiro e reduzem a entrada investimentos externos , limitando ainda mais, as chances de geração e de distribuição de emprego e renda no Brasil. A desigualdade se tornou a marca maior da sociedade brasileira.

O relatório 2001 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 162 países, referente a 1988/99 - período em que ocorreram recessões no Brasil, apontou que o País passou da 74a posição no ranking mundial, em 1988, para o 69o lugar. Mesmo assim, o Brasil continuou atrás de seus principais vizinhos sul-americanos: Argentina (34a) e Uruguai (37a). De acordo com o relatório, as mudanças nos indicadores de melhoria de vida da população brasileira não têm mudado de forma significativa, tendendo para a estabilidade. Por exemplo, em 2000, as políticas sociais do País consumiam 23% do orçamento federal, sendo que pouco desse total chegava efetivamente aos mais pobres. O relatório indica que, enquanto 9% da população vive com menos de US$ 1 por dia, 46,7% da renda nacional está concentrada nas mãos de apenas 10% da população. A expectativa de vida do brasileiro permaneceu praticamente inalterada desde o último relatório, indicando a média de 67,2 anos de vida para a população.

Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abrangendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões continentais do país. Podemos começar a explicar isso pelo fator mais evidente: a escravidão, que é o paroxismo da exclusão: o Brasil importou o maior número de escravos da África dentre todas as colônias no Novo Mundo e, como Cuba, foi um dos últimos países a libertá-los (em 1888). Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso -, a grande massa não teve condições de impor às elites uma distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, a educação. As seqüelas desse feito representam imenso obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e perduram até hoje.

A experiência brasileira é rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenham obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas sociais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo, a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não tem sido suficientes para resolver os problemas das desigualdades no Brasil.

O presente documento tem como objetivo descrever a experiência de desigualdade regional e social brasileira, tendo o Nordeste como estudo de caso, apontando possíveis sugestões para o desenvolvimento de políticas que possam ser adotadas para a atenuação das disparidades nacionais.

Brasil é o maior em desigualdade social
Por: Júlio César de Freixo Lobo - Essa matéria foi publicada na Edição 285 do Jornal Inverta, em 06/04/2001
A distribuição de renda no Brasil é a pior do mundo, em que os 10% mais ricos ganham 28 vezes a renda dos 40% mais pobres.
A distribuição de renda no Brasil é a pior do mundo, em que os 10% mais ricos ganham 28 vezes a renda dos 40% mais pobres. Este é um dos dados publicados em uma pesquisa que será lançada em livro, chamada “Desigualdade e Pobreza no Brasil”, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que levou em consideração indicadores do Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), IBGE e da ONU.
Outros elementos do estudo do IPEA indicam que os 10% mais ricos da população brasileira se apropriam de cerca de 50% da renda total do país, e os 50% mais pobres detêm apenas 10% da renda do país. Outros países mais pobres não têm uma desigualdade estrutural tão grande como o Brasil. Pelos dados da pesquisa do IPEA, esta situação não sofre mudanças há exatamente 25 anos e parece que existe um conformismo dentro da sociedade brasileira de continuar esta desigualdade.
O estudo do IPEA mostra que a desigualdade social no Brasil é estrutural, o que confirma as teses da Refundação do PCML (Partido Comunista Marxista Leninista) de que este é um modelo de desenvolvimento do Brasil desde a colônia, que fez com que a propriedade privada de monopólio da terra voltada para a exportação fosse a mola mestra da desigualdade social.
Com o regime escravocrata agro-exportador, as diferenças de classe social entre os que detinham os meios de produção, que eram os colonizadores portugueses e os escravos, que eram a mão-de-obra gratuita para tocar a economia do país, fizeram com que o país se desenvolvesse de uma forma desigual. O desenvolvimento econômico do Brasil desde aqueles tempos não quebrou o monopólio da terra e da indústria e por isso todo o crescimento foi injusto para a maior parte da população brasileira, que teve que sustentar a sede dos lucros dos monopólios estrangeiros e nacionais até os dias atuais.
A elite brasileira sempre foi egoísta e ligada ao capital estrangeiro a quem sempre se uniu para espoliar o povo. O nosso país é composto por uma população enorme de miseráveis e de párias sociais que conseguem sobreviver com muitas dificuldades, com um salário mínimo de R$ 151 que, segundo o DIEESE, deveria estar em torno de R$ 1mil. O salário mínimo do trabalhador está em 25% do valor de quando foi criado em 1940 por Getúlio Vargas.
O estudo do IPEA mostra que somente uma mudança radical na sociedade brasileira é capaz de mudar esse quadro de injustiça social, que é próprio do sistema capitalista, principalmente em um país do Terceiro Mundo. Mais uma vez as Teses de Refundação do PCML mostram que precisamos organizar a revolução socialista no Brasil para apear do poder esta elite que há mais de 500 anos oprime com fome, violência e miséria
A pesquisa do IPEA mostra que o principal ponto a ser enfrentado para que se diminua a desigualdade social no Brasil é o investimento em educação, já que a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de 6,3 anos de estudo. Mas o projeto neoliberal, que faz com que os governos apliquem menos recursos em vários setores sociais, está levando os trabalhadores brasileiros a ganharem bem menos do que se tivessem uma melhor educação.
Embora a estatística seja melhor do que há dez anos atrás, mas se compararmos a outros países pesquisados, como a Coréia do Sul que investiu maciçamente no setor educacional para dar um grande salto de desenvolvimento econômico, o Brasil é um país que gasta poucos recursos com o setor, o que diminui as oportunidades para os que estão entrando no mercado de trabalho, que correspondem a mais de 1,5 milhões de pessoas a cada ano sem conseguir uma colocação satisfatória, tornando precárias as relações trabalhistas com a diminuição do salário.

Diversidade cultural
A sociedade brasileira reflete, por sua própria formação histórica, o pluralismo. Somos nacionalmente, hoje, uma síntese intercultural, não apenas um mosaico de culturas. Nossa singularidade consiste em aceitar – um pouco mais do que outros -- a diversidade e transformá-la em algo mais universal. Este é o verdadeiro perfil brasileiro… Sabemos, portanto, por experiência própria, que o diálogo entre culturas supera – no final – o relativismo cultural crasso e enriquece valores universais.



DIVERSIDADE CULTURAL – por Antonio A. Dayrell de Lima - Embaixador do Brasil junto à UNESCO.

A sociedade brasileira reflete, por sua própria formação histórica, o pluralismo. Somos nacionalmente, hoje, uma síntese intercultural, não apenas um mosaico de culturas. Nossa singularidade consiste em aceitar – um pouco mais do que outros -- a diversidade e transformá-la em algo mais universal. Este é o verdadeiro perfil brasileiro… Sabemos, portanto, por experiência própria, que o diálogo entre culturas supera – no final – o relativismo cultural crasso e enriquece valores universais..
Passado o período colonial, ficamos mais permeáveis à troca de idéias e ao influxo de conteúdos culturais que vêm do exterior, fora da esfera luso-africana. Também aplaudimos, por razões políticas óbvias, o livre fluxo de idéias: é um passaporte para a democracia e o reconhecemos como uma garantia do respeito aos direitos humanos.
O mundo, infelizmente, não apresenta historicamente um jogo simples, equilibrado ou mesmo limpo na matéria: as disproporções em termos da escala ou da resistência das culturas, assim como da difusão das mensagens e dos produtos culturais, são com efeito muito grandes... A globalização, neste aspecto, apresenta uma preocupante tendência à homogeinização cultural, quando não à hegemonia pura e simples em certos setores culturais.
Mas “diversificar é preciso”: a diversidade cultural é, em um certo sentido, o próprio reflexo da necessidade abrangente da múltipla diversidade de vidas na Natureza, a fim de que essa possa como um todo renovar-se e sobreviver. A cultura é a “natureza” do homem. A diversidade cultural pode ser vista, por conseguinte, como a nossa “biodiversidade” -- aquela que deveríamos preservar, se não quisermos estiolar em um mundo globalizado que seria desprovido dos conteúdos, valores, símbolos e identidades que nos dizem intimamente respeito.
Hoje vivemos em um mundo que estimula a automia do econômico – o que implica privilegiar considerações comerciais em vez de outros aspectos societais (como a emergência internacional da AIDS), enquanto, por sinal, promessas não cumpridas em favor do livre-comércio se empilham, já que nunca se contempla a produção dos países em desenvolvimento...
O fato é que, obviamente, as produções de natureza cultural não são meros serviços remuneráveis, oferecidos à sociedade por pessoas talentosas ou de sucesso. A cultura não apenas agrada, esclarece ou diverte com produtos que podem ser internacionalmente comercializados, como também provém e faz parte da própria trama das sociedades – inclusive ajudando-as a sustentar-se através de atributos que pertencem ao âmago de cada um, isto tanto nas sociedades modernas quanto nas tradicionais. Os produtos culturais no sentido mais lato são a verdadeira teia que mantém as sociedades coerentes e vivas: deixar perecer, sutil ou grosseiramente, a produção cultural endógena de um povo, substitutindo-a por outra totalmente estranha, por melhor e mais cintilante que possa ser, é empobrecer este povo em sua própria identidade.
O comércio cultural não pode ser apenas o resultado de cálculos para obter vantagens comparativas que predominariam, seguindo um frio racionalismo econômico. Produtos e serviços culturais não podem ser tratados unicamente como mercadorias. Será que o quadro das disciplinas de comércio internacional é amplo o suficiente para comportar todas as complexidades do assunto?
Para usar uma analogia muito próxima à esfera nacional, envolvendo o mesmo conceito – o respeito pela identidade do outro – há, efetivamente, a necessidade de uma ação afirmativa internacional quanto à proteção da diversidade cultural. Poderíamos, em toda sinceridade, retirar a autonomia de qualquer governo na implementação de políticas públicas destinadas a proteger setores desavantajados do cenário cultural, quando confrontados somente pelas regras – ou o caos – do mercado global? A resposta é claramente não.
Acreditamos sinceramente que um enfoque meramente mercadológico, o do livre-comercio global, não seja o único parâmetro que deveríamos usar no tocante à questão da circulação de bens e serviços culturais.
O Brasil defendeu, como oportuna, na 32ª Conferência Geral da UNESCO -- recém-realizada em Paris, com a presença do Ministro da Cultura e artista Gilberto Gil -- a negociação, a curto prazo, de uma Convenção sobre a Proteção da Diversidade Cultural.

Esta idéia foi esmagadora e explicitamente defendida também por mais de 100 países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Um pequeno grupo de países (6 a 8) -- encabeçados pelos Estados Unidos -- prefeririam que a matéria fosse exclusivamente tratada na OMC. Mas, após árduos entendimentos, foi dado à Organização, por consenso, um mandato de negociação.
É importante que a sociedade brasileira se inteire dos debates internacionais que ora se iniciam formalmente – para que possa ser estruturada e formulada, de forma transparente, uma posição do Governo brasileiro afinada com todos os interesses.                                                                    .                                                 Profª Leila Cristina

Primeira Tarefa de 2011

Atividade Cultura Baiana.
 A capital baiana é uma das metrópoles mais populosas do País, sendo também a cidade que mais concentra negros e pardos, constituindo cerca de 86,6% de toda a sua população. Baseando-se nesses dados, Salvador se revela como a cidade com a maior desigualdade racial do país, sendo muito mais evidente no interior da classe trabalhadora, onde os assalariados negros recebem bem menos que os brancos. Os negros chegam a ganhar quase três vezes menos que os brancos, sendo uma média de R$ 556 para negros e pardos e R$ 1.550 para os brancos mensalmente.
Em relação ao desemprego, há também uma grande diferença entre negros e brancos. A taxa de desemprego entre a população negra em Salvador atinge, em média, 18,3%, enquanto que entre os brancos é de 9,3%. Os dados foram levantados pela PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que pesquisou também a relação de grau de escolaridade entre negros e brancos. Apesar de Salvador ter a maior quantidade de pessoas consideradas em idade ativa, de 11 anos pra cima, que já concluíram o ensino médio, sendo a região metropolitana que registra o maior número de negros com ensino médio completo, o abismo histórico entre as duas raças não possibilita saldos positivos para a população negra.
Cerca de 33% dos negros já estudaram pelo menos por 11 anos. Já entre os brancos a diferença simplesmente dobra, sendo 66%.
Diante destes índices, a população negra em Salvador encontra muitas dificuldades para encontrar um emprego, resultando em atividades que exigem menos instrução e maior esforço físico, como, por exemplo, na construção civil e em serviços domésticos. Nestas duas áreas, os negros e pardos são os que mais predominam: Uma média de 1,4 milhão está inserido na construção civil, representando uma porcentagem de 54%. E mais 1,4 milhão trabalha em serviços domésticos, indicando 59% dos negros e pardos. Os brancos são predominantes no ramo industrial e em serviços públicos, como saúde e educação.
Dentre os negros que são contratados neste ramo, as empresas privadas são as que mais empregam sem carteira assinada. Não só na Bahia, mas como em todo o Brasil, onde metade da população é constituída por negros, sendo o segundo país que mais concentra negros, a sua condição de oprimido e explorado não expressa nada mais que a dominação histórica da classe dominante sobre os setores mais oprimidos da sociedade. Além disso, a posição de discriminação social e racial que a população negra sofre, é um resultado da total incapacidade do capitalismo em poder assimilar este fator.
                                                                                                                              
http://www.pco.org.br/conoticias/negros_2004/30set_salvador.htm                   
  Questionamentos:
1)     A Bahia é o estado brasileiro com o maior percentual de negros e pardos na sua população. Qual é esse percentual?
2)     O que é desigualdade racial? Dê cinco exemplos que confirme a existência dela na Bahia:
3)     O que é desigualdade social? Você se considera rico ou pobre?
4)     Quais suas chances no mercado de trabalho se você cursar somente o ensino fundamental?
5)     Quais profissões você pode exercer se você conseguir terminar o ensino médio? Cite 10 profissões e 5 concursos públicos que exigem o ensino médio:
6)     No carnaval em Salvador nós podemos identificar as diferenças sociais? Ou é uma festa do povo e para o povo? Existe desigualdade racial e social nessa festa? Quais os tipos de trabalhos que existem nessa festa? Quais são exercidos pela maioria negra? Você imagina se eles tivessem a oportunidade que vocês estão tendo agora de ter uma escola, professores, livros... tudo gratuito, eles estariam nesse tipo de trabalho?
7)     Lemos em uma de nossas aulas o texto sobre preguiça baiana, você se considera um preguiçoso? Justifique com bons argumentos se você é ou não preguiçoso:
8)     A história da escravidão negra na Bahia influenciou a situação atual do negro na nossa sociedade? Como? A partir de 13 de maio de 1888 o negro estava livre graças à assinatura pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II, que estava em viajem, à chamada Lei Áurea, todavia, o movimento negro não aceita comemorar a libertação dos escravos nesse dia. Instituíram o Dia da Consciência Negra em 20 de Novembro homenageando a Zumbi. Façam uma pesquisa para saber os motivos alegados para essa escolha e tragam uma pesquisa sucinta de quem foi Zumbi dos Palmares:
9)     Foi dada a tarefa a vocês de pesquisarem a Revolta dos Malês e a Conjuração Baiana, o que esses dois movimentos tem em comum? Eles serviram como exemplo de que os negros lutaram por sua liberdade? Justifique:
10)   Você se considera descendente de africano? Pesquise a origem da sua família antes de responder (seus pais, avós, bisavós tem origem afro?). Se você é um descendente afro, você deve sua liberdade às leis instituídas pelo imperador D. Pedro II ou pelas revoltas dos negros? Pesquisem quais foram às leis instituídas pelo império que favoreceram gradualmente a liberdade dos escravos:
11)   Nas últimas aulas lemos algumas reportagens sobre drogas e o tráfico na Bahia, inclusive evidenciamos o nascente comando feminino, lemos também sobre desigualdade social. Agora faça uma paralelo (comparação) da desigualdade social e o tráfico de drogas. Evidencie o crescente recrutamento de crianças e adolescentes pelo tráfico de drogas, para serem Justifique por que eles preferem menores para fazer esse ‘serviço’ e o por que eles aceitam?
12)   Escolha três tipos de drogas ilícitas, descreva seu modo de uso, qual hormônio ela libera no cérebro? Dá prazer? Traz quais consequências para o organismo? Como o dependente consegue se libertar do seu uso? Você conhece algum dependente químico? Como fica a memória de um usuário de drogas? (Temos livro na nossa biblioteca)
13)   Nos Estados Unidos havia uma guerra entre mafiosos intensa no período da Lei Seca, assim que foi liberada a venda legal das bebidas alcoólicas houve uma quebra desse poder paralelo ao Estado. Pesquise o que foi a Lei Seca e suas consequências. Foi pior ou melhor liberar o álcool?
14)   Na Holanda (países Baixos) é liberado o uso de drogas, mas apenas em alguns pubs (barzinhos) exclusivos para usuários. “A Holanda é hoje um dos 10 países europeus com menos usuários da droga” esse é um dos argumentos para liberação das drogas. Vá no blog http://drogasxresiliencia.blogspot.com/ leia o texto sobre o crack e assista ao vídeo que justifica o por que deve ser liberado o uso das drogas, de posse desses novos conhecimentos responda: Você acha que o governo deveria liberar o consumo de drogas? Justifique sua resposta citando os argumentos lidos durante a pesquisa.
 
 rofessora: Leila Cristina.       
  


domingo, 27 de novembro de 2011

Personagens Negros no Mundo

Vamos conhecer alguns personagens de origem africana que trouxeram contribuições significativas, seja na arte, literatura, política, economia, educação, esporte, religião, música... para o país de origem ou para o mundo.
Abaixo elencamos alguns nomes e disponibilizamos para que o aluno escolha um e pesquise a sua biografia e coloque uma imagem do personagem, emoldure com papel duplex preto, favor não dobrar para podermos prender nas paredes a partir do dia 18 de Novembro, em comemoração ao dia 20 no qual comemoramos a Consciência Negra.
Os alunos deverão escolher o personagem que quer pesquisar, inclusive acrescentar nomes a essa lista.
As tarefas podem ser solicitadas pelos professores de história e cultura baiana.
Tarefa: desenhar ou imprimir em tamanho de papel A4 a imagem/fotografia, ou desenhar o personagem escolhido, caso o contexto histórico não lhes forneça a imagem do personagem, coloque algo que represente o período vivido por ele, emoldurar em forma de quadro. Pesquisar a biografia do seu personagem e também emoldurar deve estudar sobre ele, pois no dia 21/22/23 de Novembro, todos vocês irão receber os colegas das outras salas para apresentar o resultado da sua pesquisa. Em sala vocês deverão apresentar para os colegas em 3 minutos o resultado da sua pesquisa, socializando o conhecimento e colocando o produto da sua pesquisa em locais de grande visibilidade.
1.    Abdias do Nascimento – liderança negra
2.    Alcione Maria Marrom (cantora)
3.    Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha
4.    Angenor de Oliveira (Cartola) - cantor
5.    Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho) – escultor mineiro
6.    Adhemar Ferreira da Silva (1º Campeão Olímpico Br)
7.    Alzira Rufino (lutadora direitos da mulher negra-PT)
8.    André Rebouças (engenheiro construtor 1ªs docas)
9.    Barack Obama (candidato a presidente dos EUA)
10. Benedita da Silva (política 1ª mulher negra ocupar vaga Senado)
11. Carolina Maria de Jesus (semi analfabeta que escreveu Quarto de Despejo)
12. Emanuel Araújo (marceneiro/linotipista/org. exposição arte negra SESI-SP 2003)
13. Carlinhos Brown – cantor baiano
14. Chica da Silva – ex-escrava
15. Daiane dos Santos – atleta
16. Dioocoredes Maximiliano dos Santos 1917 (mestre Didi escultor)
17. Djavan Caetano Viana – cantor
18. Edson Arantes do Nascimento (Pelé) – jogador futebol
19. Edvaldo Pereira de Brito (prefeito de Salvador entre 1978 e 1979)
20. Frederick Douglas (ex-escravo e líder negro abolicionista)
21. Gilberto Gil (cantor baiano)
22. Ivete Sacramento (1ª reitora negra do Brasil UNEB)
23. João Carlos de Oliveira (João do Pulo) – atleta
24. Joaquim Benedito Barbosa Gomes (Ministro do STF)
25.  José Carlos do Patrocínio – escritor
26.  José Gomes Filho (Jackson do Pandeiro) Paraíba
27. Jovelina Pérola Negra (cantora)
28. Kofi Annan (ex-presidente da ONU)
29. Lázaro Ramos (ator baiano)
30. Lélia Gonzalez 1935 – heroína negra
31. Louis Armstrong (cantor EUA)
32. Luís Gonzaga Pinto Gama  1830-1882 (jornalista e ativista idéias antiescravista)
33. Luiza Mahin 1835 – heroína negra (mãe de Luís Gama)
34. Machado de Assis (escritor)
35. Maria da Conceição Nazaré (Mãe Menininha do Gantois) – candomblé
36. Maria Filipa 1822 – heroína negra
37. Martim Luther King
38. Manuel Raimundo Querino 1851-1923 (abolicionista)
39. Maria Stella de Oxossi 1925 (Yalorixá do terreiro Ilê Opô Afonjá)
40. Milton Nascimento – cantor
41. Miltont Gonçalves ator
42. Milton Santos (geógrafo)
43. Nelson Mandela (foi pres. África do Sul)
44. Ray Charles – cantor americano negro e cego
45. Sebastião Bernardes de Souza Prata (Grande Othelo) - humorista
46. Wilson Simonal (cantor)
47. Teodoro Sampaio 1855
48. Zumbi dos Palmares – líder revolucionário
Resultados: