quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Analisando o texto do filósófo Ghiraldelli Jr e o vídeo de Felipe Neto - aula 15/09/10

Os presidentes, o senso comum e o filósofo   -   13/09/2010

Em tempos de eleições é difícil de conseguir um texto a respeito de presidentes e ex-presidentes da República que não contenha distorções graves. Caso esses homens estejam próximos dos presidenciáveis do momento, o difícil beira o impossível. A tarefa do filósofo, se ele é chamado para falar desses homens da história contemporânea, é tentar escrever sobre o impossível.

O sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o líder sindicalista Luís Ignácio Lula da Silva (Lula) são as figuras mais emblemáticas da nossa democracia. Cresceram juntos na política, ao menos a partir de determinado momento, quando da união de várias forças contra a Ditadura Militar. Mas, uma vez inaugurada a redemocratização, foram se afastando partidariamente. FHC saiu do PMDB para fundar o PSDB. Lula fundou o PT e, após duas décadas, já estava maior que o próprio partido. Ambos criaram seus partidos para que eles se mostrassem mais “puros” que outras agremiações. O PSDB queria ser uma “versão melhor” do PMDB e o PT queria ser uma “versão bem melhor” que as dos partidos comunistas e similares.

Após passarem por governos municipais, estaduais e pelo governo federal, ambos, o PT e o PSDB, viram que o encanto de serem diferentes do PMDB e outros partidos realmente se realizou – ainda que não da maneira que o peixe foi vendido. Mas que foram melhores, isso é fato! Apenas não contavam com um detalhe: em um país de escolaridade ruim como a nossa, a população jovem não sabe do passado e mesmo os velhos não o cultivam, então, PT e PSDB podem não ser vistos como algo melhor, pois o pior desapareceu como elemento de comparação. Os políticos da idade de FHC e Lula olham para uma população que tende a vê-los como únicos, sem saber não só o que ocorreu na Ditadura Militar, mas também o que se passou nos últimos trinta anos de democracia. Isso piora em muito a vontade de deixar a paixão se exacerbar e, então, eles próprios, o presidente atual e o ex-presidentes, são vistos sob lentes não-históricas. Assim, uns querem que FHC seja de qualquer modo um “neoliberal”, mesmo sem muito saber o que é um neoliberal. Outros querem de toda maneira que Lula seja um “populista do tipo Chávez”, sem muito saber o que é um populista ou o que é um Chávez.

FHC esteve bem longe de implementar uma política “a la Reagan ou a la Thatcher”. O programa social de Lula é bem mais institucional que o populismo tradicional. Ambos, FHC e Lula são bem mais afeitos à democracia que Thatcher ou Chávez. É duro para o senso comum ampliar sua visão notando o que seu paladar não aceita.

FHC e Lula não são o retrato pior que se pode fazer deles. Em termos “do que ficou”, a democracia fez mais que a Ditadura Militar, e fez melhor. E os dezesseis anos de FHC e Lula empurraram o Brasil para um patamar que não imaginávamos que conseguiríamos estar em tão pouco tempo. FHC deu cabo da inflação e proporcionou ganho efetivo para muitos. Lula fez um aquecimento econômico associado a programas sociais jamais vistos nos últimos anos, ao menos em um país democrático. Essas duas façanhas juntas superam qualquer desgosto que possamos ter com situações de desilusão com FHC ou Lula. Podemos até deixar de lado – mas não esquecer – a salvação de bancos de parentes, no governo FHC, ou o “mensalão”, no governo Lula. Tropeços, ambos tiveram. Mas, mesmo nos tropeços, eles se saíram melhor que os governos militares ou que Collor e Sarney.

Mas, a atual eleição, tende a mais uma vez, como é a praxe, reconstruir a história. O PSDB de FHC tem tentado posar como paladino da lei e da ordem democráticas. O PT de Lula tem tentado dizer que democracia é mais que lei e ordem, é comida na barriga do povo e chance de emprego. Assim, cada vez que alguém lembra a legalidade, é para fustigar a Dilma e, no caso, o Lula, e cada vez que alguém lembra o programa social, é para fustigar o Serra e, então, o FHC. Isso é válido? Sim, como militância. Mas a militância, todos nós sabemos, é necessariamente burra. Pois ela repete o que já se mostra como só meia verdade, pois se fosse verdade inteira não seria tão repetida assim.

É aí que entra o filósofo. Busca-se a chance de alguma objetividade (!) com o discurso filosófico, ainda que seja em um nível jornalístico. Nessas horas, então, a objetividade não pode ser apenas um ganho acadêmico, tem de valer no sentido de recuperar a idéia de bom governo, ao menos para o futuro próximo.

Será um bom governo aquele que perceber que fará boa coisa se casar essas duas características vindas de FHC e Lula num só mandato: ter carinho pela legalidade democrática e ao mesmo tempo colocar todos os esforços no programa social. Mas, pelo que tudo indica, nem Dilma e nem Serra conseguem convencer os que estão contra eles que eles poderão se deslocar na direção das virtudes do adversário.

Dilma está na frente nas pesquisas, obviamente porque o programa social nunca foi sentido de modo tão efetivo na população como agora. Ninguém quer arriscar ir para um governo de alguém que não é confiável em termos de investimento social – Serra não é visto como alguém com sensibilidade social. A maioria prefere passar o cheque em branco para Lula, que, enfim, fez um programa social com resultados e anuncia que o voto na Dilma é voto nele mesmo. Ora, quem tem juízo, quer garantir os ganhos votando em Lula. Não é diferente de quando todos votaram em FHC para um segundo mandato, para ele garantir o Real.

Caso os candidatos fossem Lula e FHC, eles conseguiriam fazer essa proeza, de admitir que o adversário tem algo que eles não têm, e que é preciso ter? Não agora. Mas, enfim, talvez ainda possamos vê-los admitindo isso. Talvez, então, eles aproximem suas falas ao que é a fala do filósofo. Ou a tentativa do filósofo.

O Brasil escolhido pela população tem sido um Brasil bem melhor que o imposto a nós por grupos militares ou elites civis auto-endeusadas. Isso é certo. Agora, quanto ao futuro, todos nós sabemos – e a população diz isso em pesquisa – que não temos hospitais que funcionam para o pobre, que nossos professores recebem um salário indigno, que nossa escola pública não funciona, que nossa infra-estrutura não agüenta mais um arranque econômico, que a Amazônia tem fim e que nossa legalidade democrática precisa ser preservada e aperfeiçoada. Todos nós sabemos disso! Estamos deixando para os próximos embates políticos tais coisas, para ver quem vai, após mais algum tempo nesse ritmo de êxitos, agarrar com as unhas tais bandeiras que, enfim, se enfrentadas, então finalmente coroarão os esforços começados com FHC e Lula.

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ

 
Leila Critina

8 comentários:

Unknown disse...

eu achei muito interesante

Unknown disse...

eu achei muito interesante

Unknown disse...

eu achei muito interesante

cleiton carlos disse...

muito bom

Anderson Barbosa disse...

Eu achei o primeiro link muito legal ,porque do amigo que tem preconceito com o outro e tamb m ao mesmo tempo fala sobre o amigo que tranza sem camisinha e que ele esta com uma doença.

Anderson barbosa disse...

Eu achei o primeiro link muito legal ,porque do amigo que tem preconceito com o outro e tamb m ao mesmo tempo fala sobre o amigo que tranza sem camisinha e que ele esta com uma doença.

Anderson barbosa disse...

Eu achei o primeiro link muito legal ,porque do amigo que tem preconceito com o outro e tamb m ao mesmo tempo fala sobre o amigo que tranza sem camisinha e que ele esta com uma doença. 7 ano a.

andresa de Jesus disse...

Eu achei o primeiro link muito legal ,porque do amigo que tem preconceito com o outro .7 ano a.